Quem viveu a adolescência nos anos 80 sabe que indústria dos vídeo games era completamente dominada pelo Japão, principalmente após a crise de 1984 que deixou essa indústria vulnerável nos EUA no início dos anos 80.
Naquela época a Europa também tinha uma indústria forte, principalmente na Inglaterra onde diversos estúdios se dedicavam ao desenvolvimento de jogos para a plataforma ZX Spectrum, sendo essa uma das plataformas mais promissoras da época tendo diversos ótimos jogos lançados no mercado, inclusive sendo portados para outras plataformas como MSX e Amstrad CPC.
Também nessa época me lembro que os espanhóis começavam a desenvolver muitos jogos para MSX e ZX Spectrum, sendo muitos deles excelentes e outros de qualidade contestável. Mas como é se fazendo que se chega a perfeição, já naquela época fomos agraciados com excelentes jogos espanhóis, como por exemplo Astro Marine Corps.
Astro Marine Corps (ZX Spectrum, MSX e Amstrad CPC)
Felizmente o tempo passa e hoje os espanhóis também são bastante reconhecidos no mercado internacional de desenvolvimento de jogos, conforme já descrevi em um texto aqui há algum tempinho atrás.
Enquanto isso no Brasil
Infelizmente o Brasil é um País em que os empreendedores tem que gastar muita energia e dedicação para colocar seus sonhos em prática, pois há pouco ou quase nenhum investimento por parte do governo no fomento da indústria nacional de jogos. Entretanto graças ao espírito empreendedor dos estúdios nacionais, muitas vezes caseiros, esse mercado tem se desenvolvido ainda que lentamente, mas se considerarmos o cenário de 10 anos atrás, estamos vivendo um momento de extrema inovação e principalmente se desenvolvendo rapidamente.
SplitPlay
Os estúdios e desenvolvedores brasileiros sempre tiveram dificuldades principalmente no que diz respeito a facilidade de distribuição no mercado nacional. Me lembro que na década de 80 mesmo os grandes desenvolvedores da época, a maioria dedicados ao mercado de computadores MSX, tinham muita dificuldade em distribuir seus softwares, dentre eles diversos jogos feitos na época para essa plataforma. O meio mais efetivo na época era a publicidade em revistas especializadas, o que era caro e na maioria das vezes não significava retorno do investimento, uma vez que o fator pirataria também influenciava para que a quantidade de cópias fosse bem limitada aqui no Brasil, mais do que nos dias atuais.
Nesse cenário desfavorável o mercado nacional de games foi se desenvolvendo e hoje podemos dizer que é impressionante o número estúdios e desenvolvedores nacionais existentes por aqui, entretanto faltava uma boa alternativa nacional às grandes game stores internacionais, como a Steam, GooglePlay e iTunes, que na maioria das vezes não traz retorno nem reconhecimento algum aos estúdios nacionais, mantendo-os pequenos e muitas vezes irrelevantes no mercado mundial.
Para minha surpresa, no início do ano recebi um contato por parte do pessoal da SplitPlay, que é uma game store dedicada 100% a distribuição de jogos desenvolvidos aqui no Brasil onde, após algumas trocas de emails, estabelecemos uma parceria que me permitirá fazer uma análise dos jogos disponibilizados na SplitPlay :).
SplitPlay Game Store website
Tenho recebido jogos de excelente qualidade e apesar da maioria ter um preço final que chega a ser 10 vezes menor que o de um jogo estrangeiro, posso afirmar que a maioria deles não deixa nada a desejar aos desenvolvidos por estúdios internacionais que tem acesso a mais recursos financeiros em seus desenvolvimentos.
Bom, esse é o primeiro de muitos posts que farei a respeito dos jogos nacionais disponibilizados na SplitPlay e nas análises posteriores tentarei pontuar os jogos considerando a qualidade gráfica, recursos computacionais utilizados, qualidade sonora, jogabilidade e portabilidade.
Quem viveu na época de ouro do MSX, deve se lembrar das análises de jogos feitas pela revista MSX Micro, portanto devem lembrar o estilo utilizado por essa publicação na época…..para quem não era nascido só posso sugerir que aproveitem e divirtam-se.
No mês passado eu havia anunciado sobre a exposição interativa que o MIS (Museu da arte e do som) estava promovendo em São Paulo Capital, denominada Game On.
Me lembro que no anuncio original, era claro que de terça até sexta o evento aconteceria de 12 às 20 horas, o que eu acreditava ser muito ruim, uma vez que geralmente as 18:00 o pessoal começa a sair do trabalho aqui na capital e isso causa um transtorno geral no transito, principalmente nessa região do museu da arte e do som e geralmente se leva entre 30 a 40 minutos para chegar no local, considerando que se está partindo da região central de São Paulo, ou seja, teríamos aproximadamente 1 hora e meia para “aproveitar” o evento, o que é pouco pela quantidade de material presente no museu.
Entretanto, acredito que pelas reclamações dos visitantes, o horário do evento foi estendido para as 21:00 horas também durante a semana, ou seja, temos 2 horas e meia para visitação, o que para mim é algo mais do que suficiente em uma visita onde se deseja conhecer uma pouco da história dos video-games e computadores em geral.
Como a maioria dos jovens vai para brincar nos video-games, então mesmo 2 horas e meia é pouco. :).
Vou postar abaixo algumas fotos que tirei no evento. Tem muito mais no meu álbum de fotos, que pode ser acessado a partir desse link aqui.
Para começar o passeio, não dá para não comentar que o MIS, fica em uma das ruas com a maior concentração de revenda de carros importados de São Paulo e ouso dizer que até do País.
Será impossível você não parar para ver a loja Lamborghini São Paulo, que é revendedora dos cobiçados carros da marca Lamborghini, na capital, foi exatamente o que fiz tirando umas fotos da Lamborghini Modelo Aventador LP700-4, que custa só 2 milhões de reais. Hummm…..é que no momento estou em busca de um fusca em bom estado senão eu até pensaria em comprar uma dessas…. :).
Segue uma foto frontal…..
…..e mais uma traseira aqui.
Algumas fotos extras dessa beleza aí acima podem ser vistas em meu album, nesse link.
Mas vamos ao que interessa que é o …..
O Game On, como já foi citado anteriormente, é um evento organizado pelo MIS aqui no Brasil, entretanto o país de origem do Game On é a Inglaterra e apesar de na década de 80 um computador inglês, o ZX Spectrum, ter dominado o mercado da computação pessoal e games naquele país, o evento no Brasil é bem eclético existindo uma boa diversidade de consoles e computadores pessoais, a começar na entrada onde logo podemos apreciar uma réplica do DEC PDP-1, cuja foto dos engenheiros da Digital Equipment (DEC) pode ser vista, onde eles jogam um game chamado SpaceWar desenvolvido pela Atari para o PDP-1.
Ao contrário do PDP-1, que no evento do Game On era uma réplica, o Computer Space parecia ser original, entretanto não estava ligado para que pudéssemos ver o jogo em ação, por isso matei a minha curiosidade assistindo o vídeo abaixo no YouTube.
Computer Space Arcade Game – Nutting Associates, 1971
Ao assistir o vídeo acima posso dizer com certeza absoluta que se trata do ancestral do game, Asteroids, que fez muito sucesso posteriormente no Atari 2600.
Asteroids – Atari Inc. 1979
Entrando no centro nervoso do evento, somos recepcionados pelo game Pong (Atari 1979), sendo projetado na parede.
Seguido de perto do já citado anteriormente, Asteroids da Atari, lançado 8 anos depois de Nollan Bushnell ter sido despedido da Nutting Associates, após ter sido descoberto seu plano de fazer um clone do Computer Space, provavelmente o Asteroids.
Outro clássico que não poderia ficar de fora é Galaga. Para quem não se lembra, ou sabe, Galaga é um daqueles games em que seu objetivo é atirar e destruir as naves inimigas para somar o maior número de pontos possível. Isso mesmo, sem nenhuma princesa para salvar, sem nenhum planeta para libertar, enfim…..jogar até enjoar…….o que não era muito dificil nesses jogos.
Passando mais a frente encontramos à seção de consoles caseiros ………
…..onde algumas outras peças se tornaram bem familiares e outras foram reconhecidas apenas de ouvir falar, como é o caso do Magnavox Odyssey, conhecido nos EUA apenas como Odyssey.
O Odyssey é reconhecido como o primeiro console de video-game do mundo e segundo sua história, ele foi desenvolvido de 1966 a 1968 e seu protótipo ficou conhecido como The Brown Box, que estava presente no evento conforme foto abaixo.
O interessante é que no Brasil o video-gameOdyssey só apareceu no inicio da década de 80, fabricado pela Philips, também com o nome de Odyssey. Na realidade o video-game fabricado pela Philips se tratava da segunda versão do Odyssey, conhecida comoOdyssey 2 nos EUA, também de propriedade daMagnavoxnos EUA.
Me lembro que na época, la pelos anos 1982~1983, eu esperava ansiosamente pela chegada do revolucionário Odyssey 2 no Brasil….tsc, tsc, tsc, nem sabia que eu já possuía esse video-game revolucionário em minhas mãos :).
Nos EUA, o primeiro e histórico Odyssey era esse da imagem abaixo.
Infelizmente o evento não tinha um console do Odyssey 2 disponível para apreciação :(.
Claro que não poderia faltar o video-game, que ficou marcado como o primeiro maior sucesso de vendas no mundo, sendo reconhecido como o console que criou a industria de games moderna. Sim, estou falando do Atari 2600.
O Atari 2600 dispensa apresentações e comentários, apenas vale ressaltar que no Brasil esse video-game foi fabricado pela Polyvox, uma empresa do grupo Gradiente, conforme pode ser lido no site da comunidade Atari brasileira.
Na verdade o Atari usava uma versão mais barata do MOS 6502, conhecida como MOS 6507, porém o core era basicamente o mesmo.
Talvez propositalmente, os organizadores do Game On deixaram o Atari, o Nintendo Famicon (NES) e o Commodore 64, próximos na exposição, pois todos esses consoles/computadores tem uma ligação quase que familiar, que é a presença do processador da MOS Technology e que na verdade é a própria Commodore Business Machines, nada menos que a fabricante do Commodore 64.
Entre tantos video-games, temos um computador que fez muito sucesso na Inglaterra, seu País de origem, e inclusive fez um certo sucesso aqui no Brasil através de seu clone, o TK90X, estou falando do ZX Spectrum.
Em pensar que quase tive um desses na época, no lugar do MSX…….
Na sequencia, conforme citei anteriormente no post do Atari 2600……
…o Nintendo Famicom, ou Nintendo Entretainment System, ou NES, que reconhecidamente tirou os video-games de sua maior crise existencial ocorrida no inicio dos anos 80, devido a perda de interesse do publico nos video-games de segunda geração, sendo o Famicom reconhecido como video-game de terceira geração, assim como o Sega Master System.
Basicamente chegamos a sala de computadores pessoais da década de 80 e ninguém melhor para dar as boas vindas do que o Commodore 64, principalmente agora que pude presenciar o porque dele ter sido imbatível em vendas na década de 80, nos EUA e Canadá.
Ao testá-lo com o jogo que ele estava rodando, percebi que o scroll horizontal dele é estupidamente rápido em comparação ao que conhecíamos em outras plataformas, incluindo o MSX.
Isso sem contar o seu processador de áudio, o SID, que é reconhecido como o melhor entre os micros de 8 bits.
Infelizmente vivíamos em uma famigerada política nacional de informática, ou reserva de mercado de informática como ficou conhecida, fruto de um protecionismo governamental ridículo que impediu que computadores como o Commodore 64 chegassem a nosso País, sendo que esses mesmos computadores chegaram tranquilamente em nossos vizinhos, como a Argentina, por exemplo.
Agora que os tempos mudaram…….eu preciso desse micro urgentemente !!! 🙂 🙂 🙂 :).
O próximo computador é um velho conhecido aqui no Brasil, não por ter sido popular por aqui mas sim porque desbancou o reinado do computador mais usado e cultuado em Terra Brasilis, o MSX. Apesar de ter desbancado o reinado do MSX, esse computador nunca chegou a reinar de fato por aqui e só serviu mesmo para fazer com que os PC’s se tornassem mainstream, pois muitos usuários, na época, saltaram do MSX direto para o PC, o que na verdade era inevitável de acontecer.
Estou falando do Commodore Amiga, que apesar de ter um ótimo hardware, no Brasil, não emplacou como nos EUA, Canadá e Europa.
Outro que chegou ao Brasil de maneira não oficial e fez pouco sucesso, foi o Apple II que devido ao descaso da Apple Computer Inc., com sua mania de sempre ignorar o mercado não americano, deixou espaço para diversos clones nacionais, muitos deles, a maioria, senão todos, completamente ilegais e não licenciados pela Apple Computer Inc. americana.
Aqui no Brasil tivemos a Unitron, Milmar, Appletronica (que não tem nada a ver com a Apple), Dismac, CCE, entre outros “fabricantes” do Apple II.
Bom, vou terminando por aqui e é claro que reservei o melhor para o final, onde não poderia faltar essa máquina que foi a responsável pelo nascimento de grandes franquias de jogos que se destacam até hoje, como é o caso da série Metal Gear e também pela entrada de muitos dos profissionais de hoje, no mundo de TI.
Estou falando do MSX, que para aqueles que não sabem é uma linha de computadores criada na década de 80, representada por um consórcio de empresas japonesas, juntamente com a Microsoft, para se estabelecer um padrão em hardware e software.
Uma das empresas desse consórcio foi a Sony, que fez muito sucesso com sua série de computadores MSX chamada HitBit. E é exatamente o micro da Sony, o HitBit 2+ modelo HB-F1XDJ que pode ser apreciado no Game On.
Infelizmente o MSX 2+ da Sony não estava ligado para que os visitantes entendessem o porque do MSX ser o mais mágico dos computadores :).
Bom, existe muita coisa no evento da Game On a ser apreciada, principalmente quanto a consoles novos, diversos arcades que infelizmente não citei aqui, também existe uma seção que conta um pouco da história das produções musicais para jogos, citando alguns dos principais artistas reconhecidos nesse meio, sem contar os principais consoles atuais com seus excelente jogos, prontos para a diversão.
Enfim, vale a visita, mas a minha sugestão é que quando você pensar em visitar a Game On, vá com muito tempo pois realmente é um lugar para se passar o dia, principalmente jogando 🙂 🙂 :).
Segue abaixo o endereço do MIS e os horários.
‘Game On’ Término 08/01/2012.
Museu da Imagem e do Som (MIS)
Av. Europa, 158, Jardim Europa. 2117-4777
Terça a sexta, das 12 às 21h; dom., sáb. e feriados, das 11 às 21h
Ingressos: R$ 10 e R$5 (meia) Livre
Quem, na década de 80, poderia imaginar que algum dia seria moda se vestir como nerd e que teríamos programas de TV exaltando o estilo nerd e até mesmo que os nerds estariam no controle das maiores corporações mundiais e que influenciariam na musica, forte instrumento da cultura pop mundial, com produções feitas com as mais modernas tecnologias e/ou até mesmo utilizando computadores e video games com nada mais, nada menos que 20 a 30 anos de idade.
Pois bem, na TV é impossível hoje não conhecer a série do Warner Channel, denominada The Big Bang Theory, que com o seu protagonista, Sheldon Cooper, tem influenciado cada vez mais jovens, divulgando assim a cultura nerd e a tornando objeto de desejo :).
Na área musical temos percebido, principalmente nos últimos 4 anos, um movimento musical denominado Chiptune music, que é basicamente a produção musical utilizando chips de som criados na década de 80, ou até mesmo antes, presente basicamente em computadores antigos, sendo destaque nessa área os Commodore 64, ZX Spectrum/MSX e também video games como Super NES (aka Super Nintendo no Brasil) e Sega Genesis (aka Mega Drive no Brasil).
Até hoje o chip do Commodore 64, o SID, é cultuado como o melhor chip para criação musical no movimento chiptune, sendo utilizado por seus adeptos, seguido pelo chip da General Instruments, AY-3-8910, utilizado pela grande maioria dos computadores da década de 80, incluindo o ZX Spectrum e MSX.
É nesse cenário do movimento chiptune que, navegando em sites internacionais e fóruns, tomei conhecimento de uma dupla de musica eletrônica denominada Tetrastar, que é basicamente formada pelo próprio produtor da dupla, Oliver Hindle e da vocalista, Jaylyn Coffin.
A dupla foi formada em 2010, atuando basicamente no cenário indie e recentemente liberou para download em seu site o seu primeiro álbum denominado Song’s we didn’t Write (canções que não escrevemos – tradução livre), que basicamente são musicas de outros artistas que foram reestilizadas e produzidas por eles utilizando sintetizadores, Commodore 64, Nintendo Game Boy e NES.
É perceptível os diversos arranjos feitos pelo NES e Game Boy (que por vezes se parece muito com sons de ZX Spectrum/MSX) em todas as musicas da dupla com a marcante batida eletrônica, aliada a excelente voz da cantora Jaylyn Coffin, fazem do Tetrastar uma excelente surpresa no cenário da musica indie e porque não dizer da musica chiptune.
Tetrastar – Crank That
25/01/2012 – UPDATE
Recentemente TODOS os vídeos oficiais do Tetrastar foram removidos do Youtube e o site oficial http://tetrastar.co.uk, é redirecionado para o site do grupo original do produtor, Oliver Hindle, o SuporPowerLess (http://www.superporwerless.co.uk), o que nos deixa com uma interrogação sobre o futuro do Tetrastar.
Atualizei o vídeo que existia anteriormente, Float On, para o clip Crank That, que ainda não foi removido do Youtube.