O ATARI VCS (2600) é um dos grandes exemplos da indústria de tecnologia que demonstra ser possível desenvolver software que entregue muito mais performance do que “teoricamente” o ecossistema em que ele irá “viver” suporta.
A economia da época impossibilitava um mercado de massa a baixo custo, entretanto em um mercado com elevado nível técnico esse tipo de limitação termina se transformando no desafio a se superar.
Para baratear o custo do produto os engenheiros da ATARI utilizaram o processador MOS 6507, que era uma versão mais barata (ainda) do clássico MOS 6502 (o mesmo do AppleII) e que dentre suas limitações tinha um BUS de endereçamento de apenas 13 bits, possibilitando até 8 KBytes de RAM, ao invés dos 16 bits do 6502, capaz de endereçar até 64 KBytes.
Tudo isso feito para evitar a utilização de um componente caríssimo na época, que eram as memórias RAM, o que explica também a falta de um FrameBuffer (um dos componentes mínimos mais básicos para se desenvolver alguma saída visual) e também seus apenas 128 BYTES de RAM.
O principal componente que possibilitou essa redução da quantidade de memória no Atari 2600 foi o TIA, que é um chip customizado que podemos sem duvida nenhuma chamar de “coração” do Atari 2600, uma vez que além dos gráficos ele também é o responsável pela geração de sons e da leitura dos joysticks.
Com toda essa capacidade e multiplas funções, o TIA, é naturalmente um componente bastante complexo e dificil de se programar.
Apesar de toda essa limitação, o Atari 2600 foi capaz de entregar obras-primas inimagináveis em um primeiro momento e talvez até mesmo para os dias atuais para computadores cujos recursos são praticamente infinitos.
No mês passado eu havia anunciado sobre a exposição interativa que o MIS (Museu da arte e do som) estava promovendo em São Paulo Capital, denominada Game On.
Me lembro que no anuncio original, era claro que de terça até sexta o evento aconteceria de 12 às 20 horas, o que eu acreditava ser muito ruim, uma vez que geralmente as 18:00 o pessoal começa a sair do trabalho aqui na capital e isso causa um transtorno geral no transito, principalmente nessa região do museu da arte e do som e geralmente se leva entre 30 a 40 minutos para chegar no local, considerando que se está partindo da região central de São Paulo, ou seja, teríamos aproximadamente 1 hora e meia para “aproveitar” o evento, o que é pouco pela quantidade de material presente no museu.
Entretanto, acredito que pelas reclamações dos visitantes, o horário do evento foi estendido para as 21:00 horas também durante a semana, ou seja, temos 2 horas e meia para visitação, o que para mim é algo mais do que suficiente em uma visita onde se deseja conhecer uma pouco da história dos video-games e computadores em geral.
Como a maioria dos jovens vai para brincar nos video-games, então mesmo 2 horas e meia é pouco. :).
Vou postar abaixo algumas fotos que tirei no evento. Tem muito mais no meu álbum de fotos, que pode ser acessado a partir desse link aqui.
Para começar o passeio, não dá para não comentar que o MIS, fica em uma das ruas com a maior concentração de revenda de carros importados de São Paulo e ouso dizer que até do País.
Será impossível você não parar para ver a loja Lamborghini São Paulo, que é revendedora dos cobiçados carros da marca Lamborghini, na capital, foi exatamente o que fiz tirando umas fotos da Lamborghini Modelo Aventador LP700-4, que custa só 2 milhões de reais. Hummm…..é que no momento estou em busca de um fusca em bom estado senão eu até pensaria em comprar uma dessas…. :).
Segue uma foto frontal…..
…..e mais uma traseira aqui.
Algumas fotos extras dessa beleza aí acima podem ser vistas em meu album, nesse link.
Mas vamos ao que interessa que é o …..
O Game On, como já foi citado anteriormente, é um evento organizado pelo MIS aqui no Brasil, entretanto o país de origem do Game On é a Inglaterra e apesar de na década de 80 um computador inglês, o ZX Spectrum, ter dominado o mercado da computação pessoal e games naquele país, o evento no Brasil é bem eclético existindo uma boa diversidade de consoles e computadores pessoais, a começar na entrada onde logo podemos apreciar uma réplica do DEC PDP-1, cuja foto dos engenheiros da Digital Equipment (DEC) pode ser vista, onde eles jogam um game chamado SpaceWar desenvolvido pela Atari para o PDP-1.
Ao contrário do PDP-1, que no evento do Game On era uma réplica, o Computer Space parecia ser original, entretanto não estava ligado para que pudéssemos ver o jogo em ação, por isso matei a minha curiosidade assistindo o vídeo abaixo no YouTube.
Computer Space Arcade Game – Nutting Associates, 1971
Ao assistir o vídeo acima posso dizer com certeza absoluta que se trata do ancestral do game, Asteroids, que fez muito sucesso posteriormente no Atari 2600.
Asteroids – Atari Inc. 1979
Entrando no centro nervoso do evento, somos recepcionados pelo game Pong (Atari 1979), sendo projetado na parede.
Seguido de perto do já citado anteriormente, Asteroids da Atari, lançado 8 anos depois de Nollan Bushnell ter sido despedido da Nutting Associates, após ter sido descoberto seu plano de fazer um clone do Computer Space, provavelmente o Asteroids.
Outro clássico que não poderia ficar de fora é Galaga. Para quem não se lembra, ou sabe, Galaga é um daqueles games em que seu objetivo é atirar e destruir as naves inimigas para somar o maior número de pontos possível. Isso mesmo, sem nenhuma princesa para salvar, sem nenhum planeta para libertar, enfim…..jogar até enjoar…….o que não era muito dificil nesses jogos.
Passando mais a frente encontramos à seção de consoles caseiros ………
…..onde algumas outras peças se tornaram bem familiares e outras foram reconhecidas apenas de ouvir falar, como é o caso do Magnavox Odyssey, conhecido nos EUA apenas como Odyssey.
O Odyssey é reconhecido como o primeiro console de video-game do mundo e segundo sua história, ele foi desenvolvido de 1966 a 1968 e seu protótipo ficou conhecido como The Brown Box, que estava presente no evento conforme foto abaixo.
O interessante é que no Brasil o video-gameOdyssey só apareceu no inicio da década de 80, fabricado pela Philips, também com o nome de Odyssey. Na realidade o video-game fabricado pela Philips se tratava da segunda versão do Odyssey, conhecida comoOdyssey 2 nos EUA, também de propriedade daMagnavoxnos EUA.
Me lembro que na época, la pelos anos 1982~1983, eu esperava ansiosamente pela chegada do revolucionário Odyssey 2 no Brasil….tsc, tsc, tsc, nem sabia que eu já possuía esse video-game revolucionário em minhas mãos :).
Nos EUA, o primeiro e histórico Odyssey era esse da imagem abaixo.
Infelizmente o evento não tinha um console do Odyssey 2 disponível para apreciação :(.
Claro que não poderia faltar o video-game, que ficou marcado como o primeiro maior sucesso de vendas no mundo, sendo reconhecido como o console que criou a industria de games moderna. Sim, estou falando do Atari 2600.
O Atari 2600 dispensa apresentações e comentários, apenas vale ressaltar que no Brasil esse video-game foi fabricado pela Polyvox, uma empresa do grupo Gradiente, conforme pode ser lido no site da comunidade Atari brasileira.
Na verdade o Atari usava uma versão mais barata do MOS 6502, conhecida como MOS 6507, porém o core era basicamente o mesmo.
Talvez propositalmente, os organizadores do Game On deixaram o Atari, o Nintendo Famicon (NES) e o Commodore 64, próximos na exposição, pois todos esses consoles/computadores tem uma ligação quase que familiar, que é a presença do processador da MOS Technology e que na verdade é a própria Commodore Business Machines, nada menos que a fabricante do Commodore 64.
Entre tantos video-games, temos um computador que fez muito sucesso na Inglaterra, seu País de origem, e inclusive fez um certo sucesso aqui no Brasil através de seu clone, o TK90X, estou falando do ZX Spectrum.
Em pensar que quase tive um desses na época, no lugar do MSX…….
Na sequencia, conforme citei anteriormente no post do Atari 2600……
…o Nintendo Famicom, ou Nintendo Entretainment System, ou NES, que reconhecidamente tirou os video-games de sua maior crise existencial ocorrida no inicio dos anos 80, devido a perda de interesse do publico nos video-games de segunda geração, sendo o Famicom reconhecido como video-game de terceira geração, assim como o Sega Master System.
Basicamente chegamos a sala de computadores pessoais da década de 80 e ninguém melhor para dar as boas vindas do que o Commodore 64, principalmente agora que pude presenciar o porque dele ter sido imbatível em vendas na década de 80, nos EUA e Canadá.
Ao testá-lo com o jogo que ele estava rodando, percebi que o scroll horizontal dele é estupidamente rápido em comparação ao que conhecíamos em outras plataformas, incluindo o MSX.
Isso sem contar o seu processador de áudio, o SID, que é reconhecido como o melhor entre os micros de 8 bits.
Infelizmente vivíamos em uma famigerada política nacional de informática, ou reserva de mercado de informática como ficou conhecida, fruto de um protecionismo governamental ridículo que impediu que computadores como o Commodore 64 chegassem a nosso País, sendo que esses mesmos computadores chegaram tranquilamente em nossos vizinhos, como a Argentina, por exemplo.
Agora que os tempos mudaram…….eu preciso desse micro urgentemente !!! 🙂 🙂 🙂 :).
O próximo computador é um velho conhecido aqui no Brasil, não por ter sido popular por aqui mas sim porque desbancou o reinado do computador mais usado e cultuado em Terra Brasilis, o MSX. Apesar de ter desbancado o reinado do MSX, esse computador nunca chegou a reinar de fato por aqui e só serviu mesmo para fazer com que os PC’s se tornassem mainstream, pois muitos usuários, na época, saltaram do MSX direto para o PC, o que na verdade era inevitável de acontecer.
Estou falando do Commodore Amiga, que apesar de ter um ótimo hardware, no Brasil, não emplacou como nos EUA, Canadá e Europa.
Outro que chegou ao Brasil de maneira não oficial e fez pouco sucesso, foi o Apple II que devido ao descaso da Apple Computer Inc., com sua mania de sempre ignorar o mercado não americano, deixou espaço para diversos clones nacionais, muitos deles, a maioria, senão todos, completamente ilegais e não licenciados pela Apple Computer Inc. americana.
Aqui no Brasil tivemos a Unitron, Milmar, Appletronica (que não tem nada a ver com a Apple), Dismac, CCE, entre outros “fabricantes” do Apple II.
Bom, vou terminando por aqui e é claro que reservei o melhor para o final, onde não poderia faltar essa máquina que foi a responsável pelo nascimento de grandes franquias de jogos que se destacam até hoje, como é o caso da série Metal Gear e também pela entrada de muitos dos profissionais de hoje, no mundo de TI.
Estou falando do MSX, que para aqueles que não sabem é uma linha de computadores criada na década de 80, representada por um consórcio de empresas japonesas, juntamente com a Microsoft, para se estabelecer um padrão em hardware e software.
Uma das empresas desse consórcio foi a Sony, que fez muito sucesso com sua série de computadores MSX chamada HitBit. E é exatamente o micro da Sony, o HitBit 2+ modelo HB-F1XDJ que pode ser apreciado no Game On.
Infelizmente o MSX 2+ da Sony não estava ligado para que os visitantes entendessem o porque do MSX ser o mais mágico dos computadores :).
Bom, existe muita coisa no evento da Game On a ser apreciada, principalmente quanto a consoles novos, diversos arcades que infelizmente não citei aqui, também existe uma seção que conta um pouco da história das produções musicais para jogos, citando alguns dos principais artistas reconhecidos nesse meio, sem contar os principais consoles atuais com seus excelente jogos, prontos para a diversão.
Enfim, vale a visita, mas a minha sugestão é que quando você pensar em visitar a Game On, vá com muito tempo pois realmente é um lugar para se passar o dia, principalmente jogando 🙂 🙂 :).
Segue abaixo o endereço do MIS e os horários.
‘Game On’ Término 08/01/2012.
Museu da Imagem e do Som (MIS)
Av. Europa, 158, Jardim Europa. 2117-4777
Terça a sexta, das 12 às 21h; dom., sáb. e feriados, das 11 às 21h
Ingressos: R$ 10 e R$5 (meia) Livre
Apesar de a humanidade viver um período de maior criação de toda sua existência, eu acredito cegamente que subutilizamos tudo o que temos, incluindo técnicas e tecnologias dos ultimos 50 anos e com isso acabamos por nos desfazer de coisas que são úteis apenas porque existe algo mais novo no mercado e dessa forma gastamos tempo no aprendizado de como utilizar o “novo” da mesma forma como faziamos no “velho“, e também desperdiçamos recursos financeiros e, indiretamente, recursos naturais.
Por esse motivo, e também para comemorar o primeiro ano de existência do blog PopolonY2k Rulezz, durante o segundo ano de vida do blog vou utilizar o tema Grassland 2.0.0 do WordPress, que exalta a economia e preservação dos recursos naturais da Terra, o que tem tudo a ver com Retrocomputing sob meu ponto de vista, uma vez que se você continuar utilizando ao máximo os recursos de sua tecnologia antiga, com certeza menos PC’s novos serão produzidos e menos o nosso planeta será agredido pelos males que essa cadeia de produção e consumo causam a ele.
Talvez você esteja achando que sou completamente maluco ao afirmar essas coisas….hummmmmm, talvez você não pense assim depois de saber que o WWF fez um relatório que demonstra que o poder de consumo do ser humano supera o poder de recuperação do planeta, conforme esse link aqui do site oficial do WWF.
O que dizer do reconhecido site, The History of Stuff (A história das coisas) cujo famoso vídeo de Annie Leonard explica um pouco sobre o funcionamento do “sistema“. Segue abaixo o video em uma versão traduzida para o Português.
https://youtu.be/rs5vx0O7o1c
Por tudo isso, é certo dizer que a utilização e o desenvolvimento de novas utilidades para nossos MSX, Commodores, Ataris e outras tecnologias antigas é um potencial contribuinte para o desenvolvimento de um planeta sustentável :).