MusicA – Tocando MIDI no MSX – Parte I

Não preciso nem citar as diversas fontes de estudos que demonstram que a música é capaz de transformar o “estado de espírito” das pessoas, isso é um fato e principalmente um fato que comprovamos em nossos diversos anos de jogatinas no MSX pois existem jogos excelentes cuja trilha sonora ou é pífia ou inexistente e com isso os mesmos passam despercebidos pela maioria dos usuários dessas máquinas.

Já outros são lembrados e cultuados até os dias de hoje, é o caso de games como Penguin Adventure, Snatcher/SD Snatcher, Fray, a série Xak, a série Nemesis/Gradius, a série Aleste dentre outros que, para mim, tiveram grande parte de seu sucesso creditado a suas trilhas sonoras e serei mais ousado ainda, 50% do sucesso desses clássicos deveria ser creditado a essas trilhas sonoras.

Isso pode ser percebido através da importância que as produtoras de games da época davam à suas produções sonoras tanto que existiam, já naquela época, equipes de compositores dedicados a seus games, diferente de muitos dos pioneiros da produção de games que trabalhavam apenas a parte de técnicas de programação, ou a parte gráfica, deixando a parte sonora resumida a blip’s e blop’s.

E exemplo mais conhecido é da famosa produtora de games para o MSX e para outras plataformas até os dias de hoje, a Konami, que possuia já na década de 80 uma equipe de músicos especializada nas músicas de seus títulos, denominada Konami Kukeiha Club, que foi a equipe responsável pela maioria das músicas dos games lançados pela Konami na maioria das plataformas em que a produtora lançava seus títulos naquela época.

O assunto, produção musical, é tão sério que o sucesso do departamento musical da Konami inspirou a criação de um outro grupo, o Kuheika Club, formados por membros da Konami Kukeiha Club (Chiptune) e que tocavam muitas das musicas compostas por eles mesmos para os games da Konami mas com instrumentação real. Algumas piratohouses brasileiras da época vendiam fitas cassete, com os trabalhos da Kuheka Club, que pelo que me parece eram lançados pela própria Konami em CD no Japão, eu mesmo adquirir alguns cassetes (ou apenas K7) dessas piratohouses lá por 1989/1990.

A realidade do MSX no Brasil

…após o término de sua fabricação no cenário nacional, principalmente na parte de software, é quase tão ruim quanto na época de ouro do MSX, pois poderíamos ter feito muito mais coisas do que fizemos.

Felizmente os True Hackers na parte de hardware ainda continuaram ativos e produzindo inovações em hardware para MSX, dentre eles cito Ricardo Oazem (Tecnobytes) e Ademir Carchano (ACVS), o que nos dá uma sobrevida na parte de hardware.

Na parte de software devemos considerar que na decada de 80 o fator falta de conhecimento pesava bastante, pois a própria micro-informática ainda engatinhava naquela época, mas o tempo mudou e as pessoas engajadas no universo MSX na época, e que detém um maior conhecimento hoje, talvez não queiram mais saber de ouvir falar em MSX, nem pelo saudosismo.

Nesse cenário obscuro percebemos que fazer ferramentas para MSX é um terreno fértil aqui no Brasil e o MSX é um plataforma excelente para exercitarmos boas práticas para desenvolver produtos que tenham muitos recursos de software com poucos recursos de hardware, o que é exatamente a praia daqueles que desejam se aventurar em desenvolvimento para sistemas embarcados.

Apesar de estarmos muito atrasados nesse cenário do universo MSX, nunca é tarde para começar e foi por isso que lancei o projeto Old Skool Tech no Sourceforge.net, que é onde estou recuperando os fontes de alguns softwares que fiz para MSX na década de 80/90, bem como para deixar ali registrado todo e qualquer novo desenvolvimento realizado, a partir daqui, para o MSX e outras plataformas antigas.

Musica no MSX

Voltando ao foco sobre musica no MSX, vale ressaltar que um MSX original (MSX 1) é dotado de capacidades sonoras bem avançadas, não só para a época mas também nos dias atuais, haja vista trabalhos realizados por grupos especializados em fazer músicas para computadores antigos (MSX, ZX Spectrum, Commodore 64, …). Esse tipo de música é conhecida por Chiptune e existem alguns grupos que se destacam nesse cenário, como 8BitPeople.

A grande maioria desses computadores antigos, exceto o C64 que tinha o SID 6581, tinham como seu processador de áudio o chip da General Instruments, o AY-3-8910, que possui 3 canais de som, porém o MSX possui algumas vantagens pois possui extensões padronizadas como o MSX-MUSIC com chips FM OPPL YM2413 e algumas outras mais interessantes ainda como a MoonSound com o seu impressionante YMF278 OPL4 e todo esse conjunto, acredito eu que, transforma o MSX na melhor plataforma sonora de 8 bits existente.

Porém, nenhuma dessas peças de hardware tem valor se não houver nada para controla-las, principalmente senão existir uma forma de reprograma-las a medida que nossas necessidades aumentam e é no momento que chegamos nessa encruzilhada que percebemos que o MSX no cenário internacional está bem servido de grupos que desenvolvem ou desenvolveram ferramentas que tiram proveito ao máximo dessa excelente plataforma, como é o exemplo de grupos como Bandwagon, TeddyWareZ, The New Image (TNI), dentre outros diversos.

A maioria desses demos nasceu devido a algum incentivo externo recebido e que disparou o desenvolvimento dos mesmos. No caso dos demos da Bandwagon, é conhecido que esse grupo participou de diversas competições de demos de 1Kb a 8Kb, competindo com diversas plataformas  diferentes e venceu a grande maioria (senão todas), ou seja, o incentivo era a competição.

Recentemente após algumas discussões no Orkut, surgiu a idéia de desenvolver um jogo para MSX 2.0, que utilizasse a capacidade gráfica e sonora dessas máquinas, incluindo a possibilidade de tocar musicas FM-based (FM-Pac, FM-Stereo, ….). A discussão em torno dessa idéia foi crescendo e  o desenvolvimento atualmente é mantido na comunidade do Orkut, MSX-Brasil, com discussões sobre o andamento do projeto aqui nessa thread.

Esse era o incentivo necessário para se desenvolver alguma coisa para o MSX, aqui no Brasil, que estava faltando e o suficiente para eu perceber que diversas técnicas e ferramentas poderão sair daí, dentre elas:

  1. Técnicas de manipulação de gráficos;
  2. Ferramentas gráficas;
  3. Técnicas para execução de musicas em dispositivos com recursos limitados;
  4. Ferramentas musicais;
  5. Técnicas de desenvolvimento para dispositivos com recursos limitados;
  6. Ferramentas de compactação de dados.
  7. Técnicas de otimização de sistemas para dispositivos com recursos limitados;

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Ou seja, tem muita tecnologia que poderá ser desenvolvida com o incentivo desse projeto e digo mais…..já começou a ser desenvolvida e com resultados.

O primeiro resultado positivo foi o processo de conversão de músicas MIDI e que agora podem ser convertidas e tocadas no MSX, e é exatamente sobre isso que estarei escrevendo os próximos 3 artigos dessa série de 4 artigos.

Vou explicar sobre os softwares utilizados no PC e que futuramente tentarei desenvolver para PC e MSX, bem como sobre o compilador que  já  desenvolvi para PC e que é utilizado no processo de conversão. Por fim, o processo final de conversão que é feito no MSX bem como a utilização de um Replayer para MSX que executa a música convertida.

Fiquem antenados e espero que a partir daí surjam novos softwares para MSX ou até mesmo ferramentas de apoio feitas para PC e que possibilitem a utilização extrema do hardware do MSX.

[]’s
PopolonY2k

Referências na internet.

Blip, blop for the masses.

http://www.chiptune.com/

Comunidade MSX Brasil no Orkut.

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98375914